top of page

Projeto Etnoturistico Gerú Tukunã Pataxó

O projeto visa adquirir recursos para infraestrutura para o recebimento do turismo da comunidade indígena Gerú Tucunã Pataxó . 

 

Antes da pandemia a comunidade recebia muitos visitantes que vinham conhecer a cultura pataxó e os projetos sustentáveis realizados pelos indígenas. 

 

Os visitantes podem conhecer a cultura e história de nosso povo, conhecer os produtos agrícolas produzidos de modo sustentável como a grande produção de mandioca, abacaxi, urucum, maracujá entre outros e ao mesmo tempo ter contato com Mãe Natureza. 

O projeto visa fortalecer a cultura Pataxó e a renda das famílias da comunidade.  Pretende fortalecer a sustentabilidade das famílias, fomentando e preservando a cultura Pataxó. 

Precisamos de recursos para a infraestrutura da comunidade Indígena Gerú Tucunã com a finalidade de hospedar os turistas aos finas de semana. Os recursos serão utilizados na construção de alojamentos, restaurante, centro cultural para exposição de história e apresentação da cultura.  

Nossa história

IMG-20211102-WA0033.jpg

Natália Braz

Eu sou Natalia Braz da Conceição, natural de Carmésia-MG, pertenço a etnia Pataxó, tenho 32 anos e moro na Comunidade Indígena Gerú Tucunã Pataxó. Sou formada em Línguas, Artes e literatura pela Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalho a 11 anos na alfabetização na Escola Estadual indígena Uará Pataxó.

Um dos meus sonhos é que o nosso território seja demarcado como território indígena, para que o meu povo possa ter acesso às políticas públicas. E para que isso aconteça estamos em constante diálogo com a Fundação Nacional do Índio - FUNAI, a Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas, Quilombola e demais Comunidades Tradicionais para a mudança de categoria do Parque de Proteção Integral para uma Reserva Sustentável ou Reserva Indígena Estadual.

O nome da minha comunidade é Gerú Tucunã Pataxó que significa “Papagaio na Palma do Tucum”. Está localizada no Parque Estadual do Rio Corrente, município de Açucena, estado Minas Gerais. A área está em processo de regularização territorial com Estado. O território foi inicialmente criado por decreto estadual em 1988 como uma Área de Proteção Integral, porque estava muito devastada pela retirada de madeiras, criação de gado, búfalos e caças ilegais. O território nunca foi regularizado como território indígena.

A comunidade indígena Gerú Tucunã é da etnia Pataxó, falante da língua Pataxó, denominada como Patxôhã (linguagem de Guerreiro), pertencendo ao tronco Macro-Jê,  Família Maxakali. Os pataxós são oriundos do estado da Bahia, mas na década de 70, migramos para outras regiões em busca de condições melhores de sobrevivência. Migramos porque nossos territórios estavam sendo reduzidos para a criação do Parque de Monte Pascoal e devido um grande massacre que ficou conhecido como “Fogo de 51” que dispersou o povo Pataxó. 

A comunidade Gerú Tucunã foi fundada em 2010 com o objetivo de uma identificação melhor com a Mãe Terra e preservação da cultura Pataxó que estava sendo ameaçada devido o distanciamento dos jovens com os momentos culturais. Ainda é mantido a cultura como dança, cantos, histórias, língua pataxó, culinária, medicina tradicional, rituais e outras. A Gerú Tucunã é reconhecida regionalmente e estatualmente pela realização das festas indígena que reuniam mais de 2 mil pessoas antes da pandemia. Foi importante abrir as portas da comunidade para a sociedade envolvente como forma de divulgação da cultura e respeito. Por não ser região não familiarizada com indígenas, sofremos discriminação e violação de nossos direitos. 

A comunidade juntamente com a escola vem realizando um trabalho de resgate da língua e cultura Pataxó que ficou adormecida durante um período. Tivemos a conquista de colocar no currículo escolar a Língua Pataxó como disciplina. É realizado aulas de Patxôhã na escola duas vezes por semana. Aos finais de semana, realizamos rituais espirituais na cabana central onde todos podem participar.

Hoje a comunidade Gerú Tucunã sobrevive por meio da venda de artesanatos, produção agrícola de milho, feijão, abacaxi, maracujá, urucum, mel, outras frutas e produção de farinha.

Um grande problema tem afetado a comunidade é a não regularização do território, pois está nas mãos das autoridades responsáveis. Sem a regularização, a comunidade não consegue acessar as políticas públicas o que afeta a sustentabilidades das famílias. Ao todo, somos 18 famílias e aproximadamente 65 indígenas vivendo em uma área bem reduzida.

 

Outro problema que enfrentamos, são os conflitos de terra. Em volta de nosso território, os posseiros têm cercado a maior parte da área e alegando que são os donos dos territórios. E a criação de búfalos pelos posseiros tem atacado as nossas plantações. Além disso, há uma comunidade do MST vizinha. Assim, estamos no centro da zona de conflito, o que nos impede de ampliar as áreas de plantação, não podendo andar tranquilos nas matas e nem pescar devido as ameaças dos posseiros.

Sinaré Braz

Meu nome é Sinaré Pataxó, natural de Carmésia-MG, tenho 34 anos e moro na comunidade indígena Gerú Tucunã Pataxó. Sou guerreiro, solidário, trabalhador e alegre, sempre lutando pelos direitos junto a comunidade. Trabalho como professor na Escola Estadual Uará Pataxó com os anos iniciais, 4° e 5º ano. Meu maior sonho é a regularização do território, isto favoreceria muito a comunidade para ter acessos às políticas públicas e projeto de sustentabilidade. Para isto acontecer, estamos lutando juntos com  parceiros para que este sonho possa se tornar realidade .

IMG-20211102-WA0000.jpg

O nome da comunidade é Gerú Tucunã Pataxó que significa “Papagaio na Palma do Tucum”, uma homenagem ao meu avó. O sonho dele era encontrar um lugar em que sua família se sentisse bem. A comunidade está localizada no município de Açucena-MG. A comunidade é composta por 18 famílias e aproximadamente 65 indígenas sendo estes crianças, jovens, adultos e idosos. Temos o líder cacique Bayara e o vice cacique Ciripóia. A comunidade mantém a tradição desde os nossos  antepassados, a comida tradicional como peixe na folha patioba, beiju de mandioca, farinha, kawi e moqueca de peixe. Festejamos o dia 19 de abril o dia do índio, em que compartilhamos este espaço para os visitantes conhecerem a realidade da comunidade. No dia 5 de outubro comemoramos a festa das águas, ritual que é feito no Rio São Félix próximo a comunidade, onde marca-se a passagem de um novo ciclo com muita fartura. E a purificação espiritual com  o barro, água e dança tradicional awê. Para a preservação de nossa cultura é ensinado na escola a língua Pataxó denominada como Patxohã (linguagem de guerreiros) pertencente ao tronco linguístico Macro-Jê e da Família Maxakali, música, jogos, brincadeira e cantos. Mas, também enfrentamos a dificuldade com o desinteresse dos jovens em estar participando das atividades culturais, devido o uso da tecnologia se expandido na comunidade . 

O principal problema da comunidade é a não regularização do território que desde que chegamos estamos lutando. O principal culpado por este problema é o governo pela não regularização do território criado como unidade de conservação integral desde 1998. Não tivemos nenhum sucesso por ser parte do Parque Estadual Rio Corrente.  A área total do parque  é de 5065 ha e estamos lutando por regularização de 2300 ha para a sustentabilidade da comunidade. Há muitos posseiros se beneficiando da exploração irregular do Parque Rio Corrente para criação de boi comum, búfalo, desmatamento de área para plantio de braquiara, desmatamento de árvore nativa, e caça ilegal de animais em torno da comunidade. No momento, estamos sofrendo ameaças de grileiros que alegam que o território é deles e não podemos mexer em nada além da área que estamos. 

Outro problema que estamos enfrentando é a escassez de água potável nos últimos seis anos, não só a comunidade mas também entorno dela, devido ao desmatamento e o rompimento da barragem em Mariana, um crime conhecido como “mar de lama” que afetou o rio doce que passa perto da comunidade. Este crime matou todos os peixes que subiam no rio São Félix para desovar, que os guerreiros indígenas da comunidade pescavam. Nas margens do rio fazemos o ritual das águas e estamos enfrentando o desnível do rio, que está muito baixo e temos que encher o rio para estar fazendo nossa festa das águas. Pegavamos muitos peixes e atualmente, não pegamos mais nenhum peixe. Nos sentimos muito tristes por todos estes problemas, vendo a natureza pedindo socorro. Fazemos a nossa parte protegendo-a, mas, não fazemos milagres.

Estamos em busca de parcerias

bottom of page